Topo

Siga o Copo

Cervejas para pensar menos e curtir mais o comer, beber e ficar em casa

Juliana Simon

05/04/2020 04h00

(Crédito: Unsplash)

Durante duas semanas, não fazia ideia de como poderia escrever por aqui e fazer dessa fase de isolamento um pouco menos merda para quem lê o blog.

Cheguei a esboçar um texto com o pior humor do mundo, mas resolvi pedir ajuda para galera das redes. O humor, claro, não melhorou. Mas as sugestões foram bem bacanas e serão aproveitadas a seu tempo.

Veja também

A que mais cabe no momento é a de um sujeito que tem ajudado demais nesse home office torturante. Rafael Tonon, jornalista foda, simpatia rara e textos impecáveis. Nessa da Lello do Porto, chorei solta. Quem não tá bem doido nesses dias? Com saudade de lugar (Portugal), gente (todo mundo) e rotina (salve, control freaks!)

Num papo rápido via Instagram mesmo, ele sugeriu cervejas e harmonizações sem sommelierices. E, gente, como faz sentido. Por mais que haja mil ofertas de cursos, palestras, lives (que sigo odiando) e mais lives de degustações, a minha quarentena cervejeira tem sido a menos produtiva do mundo. Não consigo "pensar" cerveja – só beber. Vocês não?

Também pensei que, se nem o mestre dos mestres da harmonização (beijo, Garrett Oliver) está torrando seus fãs com sommelierice nas redes, quem sou eu para fazer isso agora.

Ver essa foto no Instagram

 

Uma publicação compartilhada por Garrett Oliver (@igarrettoliver) em

Sendo assim, eis aqui minha singelíssima contribuição para os bebedores "de guerrilha":

Milho tá (e sempre esteve) liberado

Amigo, como a gente gasta nessa quarentena. Quando vê foi um tanto de delivery, outro tanto de mercado, e o consumismo encontra morada no e-commerce como se não houvesse amanhã – nem fatura de cartão a ser paga.

Tá curta a grana? Pelo amor dos anjinhos, deixa de achar que cerveja cara é cerveja boa e curte o prazer das mainstream.

Gosta da leveza da American Lager? Deixa o milho – arroz, cereais não-maltados – te levar. É um estilo tão leve que não vai melar sua salada ou seu feijão-arroz-e-bife. Tá bem, você não vai tomar milho. Vale se refrescar com as Premium Lager (aka Puro Malte) e aproveitar a base mais intensa para um petisquinho frito ou aquele grelhado maneiro.

Não espere o "terceiro sabor" orgástico em nenhuma das duas, pra nenhuma combinação. E tudo bem 🙂

Mas eu tô um "quarentener" gourmet…

Dá pra tascar umas cervejas um pouco mais caras no orçamento? Então uma ideia é seu rico dinheirinho dar aquela mão pros artesanais, os que mais vão sofrer nesse mercado cervejeiro diante da inevitável crise.

Ainda sob a lógica de não sommelierizar, muita gente produz cervejas versáteis, fáceis de beber e tranquilas de harmonizar. A Dádiva festejou sua lager há pouco, como falamos aqui. Temos a Avós, que produziu sua American Lager e traz mais estilos que descem facinho (Harmonização facinha: Hoppy Lager com guacamole e torrada, vai por mim).

Ver essa foto no Instagram

 

Uma publicação compartilhada por cervejaavós (@cervejaavos) em

Se pensar em estilos que encontram boas receitas em muitas cervejarias, temos muitas boas Wit por aí (que vão muito bem com saladas, queijos menos intensos – alow, brie – e até com pratos rápidos à base de carne crua, como um quibe ou steak tartare).

Não dá pra esquecer a escola mais básica e bem feita desse universo (também com ótimas produções made in BR): Helles para refrescar (com carnes bovina e suína sem muito incremento é ouro) e Weiss para mais intensidade (fã de salsicha? Nem pisca. Vai nela).

Muito fã de IPA? É linda, é hit, mas não é das mais versáteis para harmonizar por conta do "plus a mais" lupulado em uma complexa base ale, mas faz o que tu queres… há de ser tudo da lei. (Eu recomendaria as hoppy lager, IPL  pelo corpitcho mais leve, Session IPA e até uma American Pale Ale (que dá bem certo com hambúrguer básico) pelos IBUs um pouco mais tranquilos).

(Crédito: Unsplash)

Consulte seu cervejeiro do coração para mais informações e, claro, #FicaEmCasa e abusa do delivery, como disse no outro post.

Se você já contribuiu com seu cervejeiro local e ganhou espaço no meu coração, é claro que não podemos esquecer que há uma infinidade de ótimas cervejas importadas bacanas – e que quem trabalha com isso também sofrerá com o baque. Sem pensar muito, digo que vale investir, por exemplo, numa boa Bitter inglesa (pela leveza e versatilidade), ou numa Saison belga (pela refrescância e temperinho, que fazem de uma tábua de queijos e embutidos uma COISA DE OUTRO MUNDO <3).

Bebam bem, bebam em casa e que a cerveja (essa senhora milenar) ajude todo mundo a passar por esses dias doidos com mais prazer).

COMO ESTAMOS BLOGUEIRANDO? Críticas, elogios, sugestões, desabafos? Aceitamos em InstagramFacebook e até no Untappd.

Sobre a autora

Juliana Simon é jornalista do UOL, sommelière de cervejas, mestre em estilos e especialista em harmonização pelo Instituto da Cerveja Brasil.

Sobre o blog

O Siga o Copo é espaço para dicas, novidades e reportagens para quem já adora ou quer saber mais sobre o universo cervejeiro e de mais bebidas.