Cervejas com rótulos machistas são vetadas em festival. E nós com isso?
Não é sem propriedade que vos digo: ser uma mulher no mundo da cerveja é um 7 x 1 frequente. Arrasamos na sommelieria, brilhamos em micro e macro fábricas e colocamos as panelas para ferver, ocupamos a frente e os bastidores de mesas e balcões, mas sempre tem um machismo cervejeiro que nunca vai embora.
Um iniciativa que rolou no comecinho de agosto lá na Inglaterra é de brilhar os olhos – e estapear a cara de muito cervejeiro brasileiro.
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O Great British Beer Festival, promovido pela celebrada Campaign for Real Ale (CAMRA), proibiu cerveja com rótulo sexista. Entre mais de mil cervejas e cidras, foram vetados os de nomes como o Dizzy Blonde ("Loira Tonta") e o Leg Spreader ("Abridor de Pernas"), além de logos que contêm pin-ups e outras imagens sexualizadas de mulheres (parece familiar?).
É economia…
Não basta bradar aos quatro ventos que sua cerveja é "amiga das minas", queridos e queridas. Estar atento à inclusão feminina e ao respeito pelas mulheres é uma questão que permeia ética, sim, mas também mercado.
Lá em 2017, fiz uma matéria que mostrava a virada publicitária das grandes cervejarias brasileiras. No entanto, muito cervejeiro entre outras grandes e, tristemente e principalmente, em marcas que estão pipocando a cada dia no mercado artesanal, a ideia de que mulher é o consumidor a ser conquistado após anos de "loiras geladas" ainda não colou.
Só para ficar no tema rótulo, aqui é "cerveja de mulher" daqui, um nomezinho vagabundo com "gostosa" de lá e um tanto de artes que colocam corpo feminino como chamariz.
Lá no festival da CAMRA, a decisão não foi à toa: pesquisa já revelou que 68% das mulheres não comprariam uma cerveja com qualquer indício de sexismo em sua marca. Na Inglaterra, elas representam 50% do mercado.
Só fazer as contas: ser machista além de ser uma idiotice, pesa no bolso.
A importância da atitude
Para quem não conhece, a CAMRA é a instituição responsável pela retomada de estilos artesanais e da cultura do pub nos anos 70, que influenciou toda uma geração na Inglaterra, Europa e do lado de cá do Atlântico, nos EUA.
Basicamente um dos pilares da história cervejeira moderna. E que hoje tem Abigail Newton como vice-presidente.
Esse blog está mandando uma indireta às cervejarias, festivais e demais instituições da bebida no Brasil? Não, é uma diretíssima mesmo.
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