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Cerveja de mulher? Dupla dá tapa na cara do machismo com nova arma: o humor

Juliana Simon

25/10/2020 04h00

Nos últimos anos, o que não falta são falas e textões sobre machismo no mundo cervejeiro, sabemos. Aqui no blog mesmo já foram alguns, na "revolução de setembro" nem se fala, muitas confrarias e programas de pequenas e grandes cervejarias já foram criados sob essa prerrogativa.

Porém, diante tanto murro em ponta de faca, a seriedade que me perdoe, mas o humor é fundamental. E foi com essa poderosa arma que o mundo cervejeiro tem MAIS UMA VEZ a chance de se mexer e trazer mais pessoas para a mesa – mais conhecimentos para a caixola.

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Mariana e Juliana, da Ballena Craft Brewery (Florianópolis) resumiram em um singelo vídeo de 15 segundos um sentimento comum a muitas mulheres que produzem, analisam e consomem: como é difícil aturar a vigilância e condescendência de macho sobre nossas panelas e copos.

A Ballena nasceu há quase um ano, em uma amizade que já completa dez. E se uma cervejeira incomoda muita gente, duas cervejeiras incomodam muito mais.

Além das famigeradas gracinhas e desprezo pelo conhecimento cervejeiro das mulheres que estão atrás dos balcões, a dupla cita a falta de representantes femininas na indústria cervejeira e outro centro de recorrente assédio. Juliana, por exemplo, já teve experiência em cervejaria onde os homens ficavam "brabos" porque eles não acharam que a funcionaria nova contratada era "gostosa e bonita o suficiente".

"Nos ofendemos muito com isso porque dá a ideia de que nosso trabalho não importa e eles estão nos objetificando", contam.

Outra manifestação de machismo explícito frequente é interrupção de "manjão cervejeiro":

Já aconteceu de uma de nós estar discutindo com um homem de uma outra cervejaria e ele olhar pro lado e falar que 'essa menina tem muito o que aprender'. Por favor, não sejam esse cara!"

Brinks, só que não

Para tristeza dos machistas, cada vez mais mulheres estão com o pé na porta e a cara no sol. Para decepção das que resistem e insistem, se de um lado o machismo é agressivo e sonoro, um outro tipo também circula com frequência nas relações cervejeiras: o passivo e o ignorante.

"Acontece muito de ouvir o clássico 'Homem é assim mesmo né, deixa pra lá' ou então 'ele não falou sério, foi brincadeira'. Tem gente que brinca um bocado, né?"

O universo cervejeiro, aliás, é cheio desse tal humor baseado no mais babaca bullying e não à toa os "cervejeiros valentões de 5B" se escondem quando a brincadeirinha vira caso de polícia.

"Coincidentemente, tivemos um caso recente de machismo no meio cervejeiro que tomou uma proporção gigantesca, foi quando pensamos em trazer esses fatos sobre o que as mulheres estavam cansadas de ouvir no meio cervejeiro", relembram.

 

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Glamour cervejeiro é isso… faz rolê de dia, vai pro curso à noite e mais a noite ainda volta pra separar barril! Fica aí o registro

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Duas mulheres, jovens, que abriram uma cervejaria e fazem o que querem dela, lidando com fornecedores, clientes, marketing, produção e tudo mais, só poderiam ter um objetivo: cerveja. Mas seria de mulher pra mulher?

Se essa é a dúvida do leitor sobre a trajetória e produção da Ballena – e de outras muitas cervejarias lideradas por mulheres -, a Juliana e Mariana mandam um mantra urgente:

"Cerveja para mulher é a que ela quiser, e não aquela mais suave ou mais frutada! Gostar de cervejas assim é uma questão pessoal, e não ligada ao gênero".


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Sobre a autora

Juliana Simon é jornalista do UOL, sommelière de cervejas, mestre em estilos e especialista em harmonização pelo Instituto da Cerveja Brasil.

Sobre o blog

O Siga o Copo é espaço para dicas, novidades e reportagens para quem já adora ou quer saber mais sobre o universo cervejeiro e de mais bebidas.