Cervejeiros brasileiros entram em iniciativa mundial para salvar o mercado
Em um ano que começou já tão triste para a cena cervejeira artesanal, com o caso Backer, ninguém poderia imaginar que enfrentaríamos um extenso e intenso tsunami. A pandemia acertou em cheio toda a cadeia cervejeira no Brasil e no mundo.
Por outro lado, é nessa hora que se percebe o quanto esse mercado vive de sangue, suor e solidariedade — como a gente já viu em outras oportunidades. A boa notícia da vez vem da participação de um dos meus bares mais amados deste blog em uma iniciativa global pela sobreviência cervejeira em tempos de crise — e com uma postura inspiradora pra muitos outros estabelecimentos.
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O TapTap está apoiando o All Together , um projeto colaborativo mundial organizado pela cervejaria americana Other Half para apoiar os trabalhadores da cadeia produtiva de cervejas que foram demitidos ou tiveram seus contratos suspensos durante esse período. Até agora são mas de 850 cervejarias de 53 países envolvidos.
Para isso, foi disponibilizada no site do projeto uma receita de cerveja e também o design de rótulos para que cervejarias do mundo todo pudessem fazer um produto acessível com venda nos bares da sua região. E cada uma pode dar o seu toque especial, acrescentando ingredientes variados. Além disso, uma parte da renda adquirida com essa venda nos bares vai das cervejarias para ajuda de todo o setor de hospitalidade.
No TapTap, estão disponíveis os rótulos fabricados pelas cervejarias Tábuas, Istepô, Japas/Narcose e Marek. Além destas, Tarin Cervejeira, Koala, Croma, Dogma, Everbrew e Salvador também ingressaram na iniciativa.
A realidade do bar
Carlos Lima, porta-voz do TapTap conta ao Siga o Copo que o foco, desde o começo, foi o de manter os funcionários empregados.
"Por ser uma operação pequena, não tem como não se sensibilizar com a situação deles que ficou bastante crítica sem a 'caixinha', dada a queda no faturamento", conta.
Logo após a confirmação da quarentena, o bar implementou a operação de delivery. Na sequência, o de retirada no bar e, hoje, o estabelecimento conta com um site próprio para os dois tipos de atendimento.
No começo, Carlos chegou a levar todos os pedidos dos clientes. "Foi muito interessante ver a reação das pessoas ao ver os funcionários do bar fazendo as entregas", lembra. E muita gente virou cliente depois de receber a cerveja em casa. Sucesso.
A entrada no projeto não é só de grande ajuda para o mercado, como fala direto aos beer geeks loucos por novidades. "Só o fato de ter uma cervejaria mundialmente reconhecida divulgando uma receita já movimenta o mercado de alguma forma", acredita Carlos.
Delivery de cerveja deve continuar
Carlos aponta que o segmento da hospitalidade está passando por transformações, mas o mercado cervejeiro ainda está longe de ser aquele que reúne uma fila de entregadores para retirar o delivery.
"Sofremos com a queda de novos rótulos e outro aspecto negativo é que a venda de growlers é uma novidade para o brasileiro. Além da forma de venda, o fato de vender o chope por litro torna o produto extremamente caro e perde a atração. Enquanto, com o salão aberto, temos a opção de oferecer pequenas doses de cervejas em copos menores. Já pelo delivery, dependemos da venda do growler cheio", conta.
Apesar deste cenário, Carlos demonstra uma ponta de otimismo e celebra os bebedores adeptos do #FiqueEmCasa: "Estamos ajudando a criar a cultura de pedir cerveja artesanal em casa, um hábito quase que inexistente no passado e definitivamente ele deve continuar. Pelo menos o delivery no TapTap continuará".
Abre ou não abre?
Por enquanto, Tap Tap segue apenas a operação de Delivery e retirada de produtos. "Temos uma calçada larga e um balcão bem arejado, mas estamos priorizando um retorno melhor planejado", diz Carlos.
"Estamos usando esse período para fortalecer nosso negócio, que vinha com uma sólida gestão (além da paixão pela cerveja), e voltarmos ainda mais fortes", promete.
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