No Fla-Flu das embalagens, garrafa de vidro é resistência e está renovada
Assim como o "ser ou não ser" do milho na cerveja, a questão lata x garrafa parece encontrar um público bastante apaixonado. Há duas semanas, este blog publicou um texto falando da febre das latinhas entre as cervejarias, lembrou uma curiosidade dos bebedores alemães e contou com a opinião de quem acredita nos poderes da embalagem de alumínio.
Questão de sabor? Bem…
Muitos ferrenhos defensores da garrafa acreditam que a grande vantagem do vidro é sensorial, já que juram de pés juntos que a bebida sofre e-vi-den-te interferência (não importa variantes de estilo, armazenamento, transporte, qualidade do líquido…detalhes). Entre sommelieres e mestres-cervejeiros, isso não é real. Nem mesmo entre quem não abre mão do vidro.
É o caso, por exemplo, de Marcos Von Borstel. Desde 2015, sua família dá nome à marca de cervejas que chegam ao mercado somente em garrafas. O sócio-fundador afirma que a suposta vantagem sensorial não é o motivo da sua opção:
"Em termos sensoriais, não percebo diferença entre a garrafa de vidro e a lata. Para mim, é a mesma percepção", diz.
Não é só economia, estúpido
Marcos conta que custo do envase em vidro foi a primeira vantagem e isso não mudou. "Fizemos uma pesquisa recente e identificamos que o vidro continua mais atrativo para envase de pequenas quantidades, algo em torno de 10 mil latas", disse.
Ela não vende, ela desfila
Porém, para Marcos e outros cervejeiros pelo mundo, além de gastos, o vidro está longe de ser ofuscado pelas latas em beleza e inovação. Assim como a conterrânea famosa Bodebrown, a Von Borstel apostou forte no gargalo My Pour, produzido pela gigante Owen-Illinois – fornecedora de material da Ambev às artesanais espalhadas pelo mundo.
Para ele, o design ajuda a dar ênfase na experiência, em um belo serviço de copo, com colarinho caprichado. "Com a lata, a menos que você faça algo super arrojado, ela lata quase sempre o mesmo formato cilíndrico. Já com a garrafa é possível chegar a inúmeras formas, formatos, dando um efeito visual muito mais bonito para o cliente", diz.
Daniel Amaral, porta-voz da Owens Illinois, elenca mais uma série de inovações que podem chegar para competir com as chamativas latas: vidro vermelho – que permaneceu exclusivo para a Skol Sensation por dois anos -, vidro preto e designs exclusivos, como a cerveja Tuatara, da Nova Zelândia, que traz no shape da garrafa referências de um réptil nativo do país.
Entre vidro ou alumínio, ficamos com…
Ao contrário do que o "fórum da internet" parece querer, para defensores das latas e os das garrafas, não há uma oposição entre os materiais para os dois fatores que mais interessam neste ciclo: o consumidor e, claro, a cerveja.
As garrafas de vidro ainda dominam o mercado, também está de olho em inovações – como nos exemplos já mencionados e nos queridos growlers – e é a preferência da maior parte dos consumidores do mundo (92% segundo pesquisa realizada em 2015 pela O-I).
As variantes de um gole de qualidade vão muito além de alumínio ou vidro. Existem vários estilos que pedem armazenamentos, temperaturas, serviços, transporte diferentes.
Quer tomar na lata? Na garrafa? Num pires? O que importa é que a embalagem tenha em seu conteúdo somente o ideal para os sentidos: a audição com uma tampa ou um anel, a visão por um rótulo, um design e depois um belo líquido, o olfato, o paladar, o tato…e aquele sexto: uma cerveja foda.
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