Com 35% de álcool, cerveja quer colocar Brasil no mapa das bebidas extremas
Não é de hoje que as cervejas ultra alcoólicas fazem muitos olhinhos cervejeiros brilharem. Aqui mesmo, no Siga o Copo, já discutimos se os muitos ABVs são sinônimo de cerveja melhor (spoiler: não são).
Desde 2017, quando falamos da icônica Utopias da americana Samuel Adams, muitas coisas rolaram por aí. Inclusive no Brasil. Em 2019, a cervejaria Cuesta, de Botucatu (interior de São Paulo), lançou a primeira edição de sua potente Beer Brandy, com 30% ABV. E ela voltou… ainda mais intensa.
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2021 é o ano em que ela, Brandy, a cerveja mais alcoólica do Brasil, chegou a 35% ABV, após dois anos de envelhecimento em barris de carvalho francês.
Marcelo Breda, cervejeiro há 17 anos e criador do mais novo objeto de desejo entre cervejeiros, conta que a ideia surgiu em 2017, quando pesquisava inovações para incrementar o portfólio da cervejaria. Até então, o Brasil não tinha nenhuma cerveja extrema super alcoólica e não figura em nenhum ranking ou reportagem quando se fala nesse tipo de produto.
Assim resolvi que mudaria essa percepção e em 2019 lancei a 1ª edição e agora a segunda. Pretendo em breve figurar no ranking mundial colocando o Brasil nesse mapa.
Para se ter uma ideia, hoje, oficialmente, a cerveja mais alcoólica do mundo é a Strength in Numbers, da escocesa Brewdog, com 57,8% ABV (!!!!!!!!!!!!!).
Porém, como bem lembrou o amigo Sandro Macedo, do blog Copo Cheio, a também escocesa Brewmeister Snake Venom segura o posto, ainda que sob muita polêmica por seus processos e aditivos, com seus 67,5%.
Potência pra dar e vender
Para quem adora um ABV, não são poucas as opções de estilo disponíveis por esse mundão – se é o seu caso, vá atrás de Russian Imperial Stout, Barley Wine, Eisbock, Quadruppel…
No caso da Brandy, a escolha foi uma Doppelbock, mais vermelha do que as de mercado, e o resultado, segundo o "pai da Brandy", é surpreendente.
Seguindo a análise sensorial de Marcelo, a cerveja é de aparência licorosa, lembrando um conhaque. No nariz, notas de cereja e frutas passas, ameixa, groselha preta, mirtilo, toques leves de nozes, toffee, licor de cacau, caramelo e amêndoas, e final amadeirado.
Na boca, sabor levemente adocicado, notas de carvalho francês, frutas passas. Corpo denso e, claro, uma sensação imediata de aquecimento (por isso, perfeita pra dias mais friozinhos, como outras colegas de álcool destacado).
Não é pra qualquer hora – ou bolso
Assim como não é uma cerveja para clima mais quente, não é uma bebida para qualquer ocasião, nem surgiu de uma brassagem simples.
Marcelo explica que foi usada uma técnica de congelamento para a remoção da água e consequentemente a concentração da bebida, chamada de "Freeze Destilation". Pela complexidade do processo, é manter a tradição e lançar uma edição a cada 2 anos (alow, 2023!).
Também por esse trabalho, a cerveja é uma edição limitada de 100 garrafas e não sai barato (R$ 450 a garrafa de 500 ml, na pré-venda pelo telefone da cervejaria – (14) 3814-9495 -).
Marcelo crava que a intenção é alcançar todas as pessoas que tenham interesse por cerveja e que buscam novidades e exclusividade.
Claro que com somente 100 garrafas isso fica um pouco limitado. De qualquer maneira, é uma possibilidade ímpar para o público brasileiro. Afinal esse estilo ainda é pouco acessível e é raro encontrar alguma cerveja super alcoólica no Brasil, mesmo as importadas.
Antes de beber, aprenda
Em tempos de muita discussão sobre consumo responsável, não custa nada aproveitar a novidade para lembrar que seja em ABV ou IBU (que mede o amargor da cerveja) ou o que for, cerveja boa é cerveja equilibrada.
Elementos – amargor, dulçor, sensação alcoólica – em harmonia no copo, e bebedor ciente das doses que separam uma degustação prazerosa de uma bebedeira desastrosa.
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