Vinho em lata já existe no Brasil - você está pronta para ele?
Parece besteira para muita gente, mas falar de lata – sim, a embalagem – pode ser motivo de surpresa no mundo das bebidas. Se entre cervejeiros a questão já alimenta amor e ódio, imagina entre os apaixonados por vinho, conhecidos por um insistente apego à tradição.
Uma das grandes tendências de mercado nos Estados Unidos no ano passado, o vinho em lata já circula pela terra do Tio Sam há mais de uma década, quando, em 2004, a Francis Ford Coppola Winery produziu o espumante em lata 'Sofia' Blanc de Blancs.
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No Brasil, a novidade veio em 2018, com os espumantes em lata Ohvni da Vinícola Giaretta. No início de 2019, foi a vez da carioca Vivant Wines, que lançou uma linha de vinhos finos e secos naturais (sem adição de CO2)
Para sanar algumas dúvidas – e distorcer alguns narizes -, o Siga o Copo bateu um papo com Felippe Siqueira, sommelier que, ao lado da Vinícola Quinta Don Bonifácio, ajudou os sócios Leonardo Atherino, Alex Homburger e André Nogueira a criarem essas bebidas que desejam deixar o delicioso mundo dos vinhos ainda mais acessível.
Tchau garrafa?
Não é o intuito da marca substituir a bebida de garrafa, mas agregar com sua praticidade aos momentos em que o vidro não se encaixa tão bem.
"Não queremos fomentar qualquer tipo de concorrência com os vinhos de garrafa, e sim mostrar ao público jovem que o vinho pode ser consumido no dia-a-dia como acontece em vários países como Portugal, França, Itália, Espanha etc.", diz Felippe.
Por que ir pela latinha?
Além da praticidade de carregar uma latinha e não precisar de taças para o consumo, o alumínio da lata facilita o processo de levar o vinho para a correta temperatura de consumo.
Todo tipo de vinho cabe em lata?
Não, ninguém vai guardar uma latinha para elaborar bebidas ultra complexas, com necessidade de guarda. Nesta embalagem, cabem vinhos leves, jovens, que são fáceis de serem bebidos e podem ser consumidos em diversas ocasiões.
No caso do tinto, a escolha da Vivant foi por blends de Cabernet e Merlot, com taninos leves. Para o branco e o rosé, Chardonnay e Syrah/ Pinot noir, respectivamente, também são mais leves e bem balanceados em termos de sabor da fruta, nível de açúcar e acidez.
Calma, enófilo
"Nossa proposta para os consumidores menos especializados é descomplicar e decodificar o vinho.
Com o passar dos anos criou-se uma complexidade em relação ao vinho que acabou intimidando os consumidores mais jovens e menos especializados", diz Felippe. A marca garante que a taxa de aceitação dos vinhos de lata desde o lançamento no verão carioca e em eventos como Carnaval da Sapucaí e Degusta SP foi de 90%.
Ficou curioso? As latinhas de 269 ml são vendidas a R$ 16 cada no site da marca e já está disponível em algumas casas no Rio e SP.
Vinho é para todos
Atrair mais público para o mundo dos vinhos, como o de outras bebidas, só pode ser muito positivo para um universo que precisa se renovar para sobreviver.
Agarrar-se a garrafas e tradições é um apego que não cabe mais e se a busca é pelo prazer que a bebida pode proporcionar, que ela seja cada vez mais democrática.
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