Topo

Siga o Copo

Cervejas dos faraós e de monges belgas do século 18 voltam à vida

Juliana Simon

23/05/2019 09h15

Duas iniciativas em pontos diferentes do mundo foram reveladas esta semana e deixam qualquer cervejeiro apaixonado pela origem e história da bebida com o coração mais quentinho.

Em Israel, biólogos "despertaram" seis variedades de leveduras de milhares de anos para brassar a cerveja que era produzida nos tempos de filisteus, cananeus, faraós egípcios e judeus. O material foi encontrado em locais históricos como a vila de Tel Safi, de 850 AC, HaBesor em Negev, e em uma cervejaria egípcia encontrada na rua Há-Masger, em Tel Aviv (de 3100 AC).

Veja também

A prova da cerveja antiga (Yaniv Berman)

A boa notícia é que a produção antiga reproduzida em nossos tempos tem tudo para chegar ao mercado cervejeiro. Degustadores profissionais aprovaram a bebida faraônica, considerada de alta qualidade e segura para o consumo, segundo comunicado conjunto da Autoridade de Antiguidades de Israel, Universidade Hebraica, Universidade Bar-Ilan e Universidade de Tel Aviv.

Em entrevista ao Time of Israel, o microbiologista e líder do estudo Ronen Hazan conta que só falta interesse de investidores para levar essa cervejinha dos faraós à frente.

Mais novinha (mas também histórica)

Já na Bélgica, monges da Abadia de Grimbergen, redescobriram a receita original do local, que data de mais de 220 anos. O anúncio foi feito pelo monge Karel Stautemas e pelo prefeito da cidade a mais de 120 jornalistas. (Belga realmente AMA cerveja <3)

Ao todo foram 4 anos de estudos para redescobrir os métodos usados pelo mosteiro Norbertine, incendiado pelos revolucionários franceses em 1798.

Assim como boas cervejas de abadia criadas pelos belgas, a bebida antiga é uma bomba de álcool, com 10,8% ABV semelhante às tripels que conhecemos hoje. A ideia só foi possível graças a cuidadosos monges do século 18, que colocaram os livros com receitas do século 12 em um buraco na parede, protegendo as valiosas dicas do fogo.

O sabor da bebida é bem ao estilo da época: sem tanto sabor como as que conhecemos hoje, segundo o mestre-cervejeiro Marc-Antoine Sochon. A ideia agora é usar as técnicas de envelhecimento tão apaixonantes de hoje para deixar a bebida com uma carinha mais atual. A deles será em barris de uísque.

Assim como a dos faraós, essa cerveja histórica também deve chegar ao mercado graças a uma parceria com a Carlsberg.

Fundada em 1128 e sobrevivente de três ataques incendiários, a abadia é um exemplo de superação. Que se produza muita cerveja para comemorar esse feito.

*dica do fzambon: o comercial da cervejaria é um Game Of Thrones de emocionar. UAU

 

COMO ESTAMOS BLOGUEIRANDO? Críticas, elogios, sugestões, desabafos? Aceitamos em InstagramFacebook e até no Untappd.

Sobre a autora

Juliana Simon é jornalista do UOL, sommelière de cervejas, mestre em estilos e especialista em harmonização pelo Instituto da Cerveja Brasil.

Sobre o blog

O Siga o Copo é espaço para dicas, novidades e reportagens para quem já adora ou quer saber mais sobre o universo cervejeiro e de mais bebidas.