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Falem bem (e não falem mal), mas falem das IPAs…

Juliana Simon

19/07/2018 09h05

 

Se tem um tema que levaria cervejeiro para a terapia é a rejeição ou obsessão pelas India Pale Ales. O estilo foi, para a enorme maioria dos que enchem a boca para falar da bebida, aquele primeiro a instigar o paladar e fazer o coração até bater diferente.

Com o sucesso inicial, veio a fórmula fácil: muita oferta de IPA, de todos os tipos, variações e qualidades – mascarar bebidas mal feitas com uma tempestade de lúpulo já é um clássico e tirou o tesão de muita gente com o estilo. Porém, tem culpa a IPA?

Mea culpa

Aqui nesse blog e na vida, posso dizer que pequei: rejeitei IPA, falei de outros mil estilos para fugir dela e até fiz promessa que passaria um ano sem tocar nela. Não deu. A real é que, como tudo na vida – cerveja, futebol, religião, música – garimpar é preciso e achar aquela IPA equilibrada em amargor de nuances variadas, dulçor de malte, sensacional em teor alcoólico …é divino.

Em um bate-papo com Sérgio Müller, da Molinarius, que só produz IPAs, e provando as diferenças evidentes e espetaculares entre uma combinação tal de lúpulo a um tal malte… bateu uma enorme culpa de um dia ter pensado que esse estilo cansou. Cansou uma pinoia!

Você não gosta (mais) de mim, mas seu público gosta

Muita IPA nas prateleiras, nos brewpubs…pode até parecer uma invasão, mas a real é que a massa está descobrindo novos sabores com esse amargor "diferente" e não dá para reclamar que foi o estilo que puxou o mercado artesanal para boa parte de sua relevância hoje.

Entre velhos e novos hopheads, algumas marcas vêm direto à cabeça como referência de "minha primeira IPA", "minha melhor IPA" ou "essa tem sempre uma IPA que-me-faz-quebrar-a-promessa-de-não tomar-IPA". Uma das mais famosas é a paulista Dogma.

(crédito: Andrew Campbell)

Em conversa com Bruno Brito, um dos fundadores da cervejaria, fica claro que o público só faz crescer – e que cervejeiro que torce o nariz tem bem menos influência do que se imagina.

"Sempre fomos apaixonados por IPAs, e o mercado brasileiro de cervejas artesanais cresceu tendo esse estilo como o mais popular. Unimos então nossa paixão com essa tendência e fizemos essa a principal marca", conta Bruno, que hoje conta com cervejas consagradas, espalhadas pelo país e um brewpub em Santa Cecília.

Ele resume todo esse debate em uma real declaração de amor ao estilo:

"Sempre há espaço para inovação, novos métodos, técnicas e apresentações. Cerveja é uma evolução constante. Sempre tem espaço pra uma boa IPA".

Onde está a IPA da minha vida?

Caro leitor, eu não sei. O fato é que a oferta é mesmo gigantesca em IPA, Session IPA, Imperial/Double IPA, Black IPA e agora agora a febre das NEIPAs (assunto para um outro post).

O que podemos assegurar é que a boa IPA é para os que têm o amargor (bom) no coração e no paladar. Muito mais do que estamos acostumados – as American Lager e Premium American Lager.

Minha "iniciação" foi com uma Punk da Brewdog clááááásica, mas a inesquecível – que me fez cair de amores desde quando nem sabia muito além do copinho americano – foi a MaracujIPA, da 2 Cabeças.

Portanto, a sugestão é prove, prove, prove… e se agradou…ah, é amor.

Veja algumas das IPAs mencionadas

Dogma El Dorado Brux Brett IPA

Uma brett ipa single hop de El Dorado e fermentada com brettanomyces bruxelensis, resultando em uma cerveja leve, refrescante e com aroma frutado que combina maracujá, manga , abacaxi e frutas cítricas. 6% ABV. Preço sugerido: R$ 33 (lata de 473 ml). Onde encontrar: Cervejaria Dogma – R. Fortunato, 236 – Vila Buarque, São Paulo – SP

Dogma Back To Basics

Uma West Coast IPA, resinosa, frutada, seca e com amargor marcante. 7,8% ABV
Preço sugerido: R$ 33 (lata de 473 ml). Onde encontrar: Cervejaria Dogma – R. Fortunato, 236 – Vila Buarque, São Paulo – SP

Dogma Mosaic Lover

Imperial IPA com 8,5% de teor alcoólico, 85 IBUs. Utilizando a mesma técnica (lata de 473 ml) Onde encontrar: Cervejaria Dogma – R. Fortunato, 236 – Vila Buarque, São Paulo – SP

Molinarius Hoppiness #1

American IPA com aroma intenso e amargor cítrico presente graças à combinação de lúpulos como Citra e Mosaic. O corpo ganha peso graças à combinação complexa de maltes. 6,6 % ABV. 74 IBUs. Preço sugerido: R$ 37 (lata de 473 ml). Onde encontrar: empórios e lojas especializadas

Molinarius Hoppiness #2.0

American IPA com predominância dos lúpulos Simcoe e Chinook, destaca na boca um perfil mais resinoso que remete a pinho, complementados por uma leve picância proveniente de da adição de malte de centeio. 7,0% ABV. 70 IBUs. Preço sugerido: R$ 37 (lata de 473 ml). Onde encontrar: empórios e lojas especializadas

Molinarius Hoppiness #3.0

American IPA com aroma dos lúpulos Citra e Amarillo combinados com a levedura Vermont que também oferece aromas cítricos. Baixo amargor, corpo médio e fácil de apreciar.
6,3% ABV. 35 IBUs. Preço sugerido: R$ 37 (lata de 473 ml). Onde encontrar: empórios e lojas especializadas

2 Cabeças Maracujipa

Uma IPA com adição de maracujá, evidente em aroma e no sabor. Com 75 IBU e 7,5% ABV. Preço sugerido: R$ 33, 99 (garrafa de 500 ml). Onde encontrar: empórios e lojas especializadas

Brewdog Punk IPA

IPA com um twist britânico graças ao malte Maris Otter, possui aromas herbais, de limão e grapefruit, além de um nítido biscoito do malte usado. Preço sugerido: R$ 21,90 (garrafa de 330 ml). Onde encontrar: empórios e lojas especializadas

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Sobre a autora

Juliana Simon é jornalista do UOL, sommelière de cervejas, mestre em estilos e especialista em harmonização pelo Instituto da Cerveja Brasil.

Sobre o blog

O Siga o Copo é espaço para dicas, novidades e reportagens para quem já adora ou quer saber mais sobre o universo cervejeiro e de mais bebidas.