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"Irmãos Cervejeiros" é a nova série horrível e imperdível para bebedores

Juliana Simon

12/04/2020 04h00

Os apaixonados por vinhos têm "Sideways" (tá bem, tá bem. Longe de ser uma unanimidade), os que adoram o whisky têm o ótimo "A Parte dos Anjos". O que o cervejeiro pode assistir?

Além de muitos documentários, séries e superproduções de não-ficção… bem, muito pouco. Até hoje. Na última sexta (10), a Netflix estreou a produção original "Irmãos Cervejeiros" ("Brews Brothers"). Uma ficção finalmente, com cerveja como tema, em forma de sitcon e… bem ruim.

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Num resumo rápido: os irmãos Wilhem e Adam Rodman administram uma cervejaria artesanal em um bairro industrial de Los Angeles. Wil, um cervejeiro boa praça, cheio de boa vontade, simpatia e, claro, barba na cara e lúpulo na veia. Adam (que recebe o apelido de "Oxy" por um motivo que só a série irá revelar) é o sommelier (perdão, CICERONEEEE) pedante que acha que o mundo precisa APRENDER cerveja, não aproveitar ou saborear ou qualquer coisa que se aproxime de prazer.

Eis o trailer:

Se identificou aí? E um amigo? E um cervejeiro conhecido? Pois bem.

Com uma enxurrada de piadas de gosto duvidoso, que beiram o desrespeito, é difícil passar pelos 8 episódios sem querer morrer um pouco. Ainda assim, nenhum cervejeiro deveria perder – nem que fosse para passar raiva ou até fazer aquela reflexão cervejeira.

Se vale de alguma coisa, a série é um tremendo deboche da cena cervejeira que ainda balança entre extremos: o pedantismo de alguns, o amadorismo de outros, e a mais pura vontade de beber algo apaixonante de muitos.

Fora isso, há o mérito de pincelar temas e vocabulário que só um "beer geek" conhece de forma infinitamente mais suave (e, preparem-se, jocosa). Da Lei da Pureza às cervejas trapistas, tudo serve de ingrediente para a primeira ficção televisiva cervejeira que se tem notícia desde, talvez, o péssimo pub-crawl-movie "The World's End".

Segurem seus ódios ao serem descaradamente zoados e levem esse tapa com luva de pelica para a terapia: os cervejeiros ainda são figuras dignas de más comédias enquanto boa parte ainda acha que cultura cervejeira é um segredo a ser preservado, e não um universo a ser compartilhado.

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Sobre a autora

Juliana Simon é jornalista do UOL, sommelière de cervejas, mestre em estilos e especialista em harmonização pelo Instituto da Cerveja Brasil.

Sobre o blog

O Siga o Copo é espaço para dicas, novidades e reportagens para quem já adora ou quer saber mais sobre o universo cervejeiro e de mais bebidas.