Cervejarias apostam cada vez mais nas latinhas. É o fim da garrafa?
Uma notícia recente deixou alemães – e adoradores da cerveja – de cabelo em pé: está faltando garrafa no mercado de lá. Os mais apressadinhos já pensariam "mas cadê a lata desse primeiro mundão?".
Como explica a própria matéria da Deutsche Welle, enquanto para a garrafa de vidro cobra-se 8 centavos de euro, a venda e produção de cervejas em lata é dificultada por uma lei que obriga o depósito de 25 centavos de euro para vasilhames de metal e plástico. A lei fez a venda de bebidas em lata cair drasticamente, dos 7,5 bilhões em 2002 para 300 mil em 2003, ano em que passou a vigorar.
O verão por lá está daquele jeito e as garrafas estão sendo bastante consumidas, mas pouco devolvidas. (Imagina não ter cerveja na Alemanha, senhoras e senhores?!?! Agonia e desespero).
Mas e nós com isso?
Além da solidariedade com os amigos alemães, a questão de garrafa x lata já é tema corrente entre as cervejarias brasileiras. Entre as mainstream e artesanais, as latinhas já estão cada vez mais presentes nas prateleiras.
Dante Casarotti, fundador e cervejeiro da cervejaria Van Been – que produz a Belgian IPA Peter De Zeeman e Belgian Blond Ale Happy Blonde somente em latas de 473 ml – acredita que a lata hoje é uma novidade no mercado nacional, não será mais em um futuro próximo.
"A única desvantagem da lata em relação a garrafa é o preço, portanto se uma cervejaria optar pelas latas, deve fazer um bom trabalho de pesquisa e negociação frente aos fabricantes de latas, que não são muitos, hoje se tem uns 3 a 4 grandes no estado de SP, onde pode-se negociar diretamente (dependendo de quantidade)", diz.
Faz diferença para o consumidor?
Sim. As latinhas conservam melhor a cerveja do que as garrafas, pois impedem a passagem de luz e ar, grandes inimigos da cerveja. Latas também são mais leves para carregar, não quebram, são 100% recicláveis, gelam mais facilmente e têm mais apelo visual.
Em comparação a embalagens como as de vidro em cores que não a âmbar (azuis, verdes, transparentes), a diferença principalmente nas cervejas mais delicadas é gritante em termos sensoriais.
Mas é todo estilo que vai em lata?
Para cervejas mais intensas, com possibilidade de guarda – ou seja, as com validade extensa e arredondadas ao longo do tempo – não encontram vantagem no armazenamento em metal.
Para cervejas mais delicadas e com propostas de maior refrescância, a latinha é grande aliada, como dito cima, e UMA das opções de armazenamento.
Adeus garrafa?
Não exatamente. Dante lembra que as cervejas em latas estão crescendo rapidamente, mas hoje o número de garrafas é maior na grande parte dos pontos de venda.
"Mas não diria que as garrafas estão ameaçadas, elas só estão em baixa com as cervejarias recém-abertas, ávidas por novidades, e a lata é uma delas", diz.
Existe "embalagem perfeita" para cerveja, gosto de todo mundo, bolso e meio-ambiente?
Não. E não faltam cervejeiros quebrando a cabeça para isso. Ainda bem.
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