Todo mundo já nasce bebendo. O que falta é degustar
Na semana passada, São Paulo recebeu pela primeira vez o Mondial de La Bière (que acontece há 25 anos em Montreal e há 6 no Rio). Em resumo: um festival de cerveja (dã) com muita cerveja (MUITA).
Para os defensores do "beba local", uma festa, com produções nacionais de peso. Mas quem procurava uma oportunidade única de provar coisas que não temos acesso por aqui, se decepcionou com menos variedade internacional do que se espera por levar "mundial" no nome.
É um evento divertido? Com certeza. É legal provar lançamento, conhecer as carinhas cervejeiras e ter um mundão reunido em um só galpão. Para quem quer beber boa cerveja, ótima oportunidade, mas nada único. Dá para ser feliz em muitos outros festivais, visitas a cervejarias, ótimos bares que pipocam por São Paulo, Rio, Curitiba, Porto Alegre…
O que faz esse blog se coçar é que…
… assim como outros festivais, a prioridade é fazer cervejeiro pirar, mas nada de espalhar a cultura de artesanais para o grande público. E não é aqui um protesto por CERVEJA BOA PARA AS MASSAS.
É bem mais simples: seria um grande serviço se eventos, profissionais, apaixonados pela bebida estivessem mais dispostos a promover a cultura de degustar, porque a de beber (cair e levantar) nós temos há tempos.
Degustar em festival? No existe
Como disse em um dos primeiros posts desse blog, festival não é lugar para conhecer AQUELA cerveja. Muita gente, tudo feito de maneira ágil, equilibrando copo e hamburgão na mão. Assim, só é possível BEBER mesmo. Ingerir líquido. Ponto.
Degustadas na santa paz, longe da muvuca dos corredores, muitas cervejas podem ganhar medalhas, mas na boca do povo (literalmente) fica difícil ter uma experiência com bebidas especiais, únicas, maravilhosas.
Que me perdoem os que contam litros, rótulos, badges no Untappd. Para mim e para mais sommeliers que batem na tecla de educação e informação, por mais que muitos cervejeiros dos estandes do Mondial tivessem a disponibilidade de pegar muita gente pela mão e explicar cada detalhe, a tal "cultura cervejeira" que todo fala começa pelo degustar.
Menos fogos, mais carinho
Para esta blogueira, vale mais beber uma cerveja incrível, inédita e rara batendo um papo com alguém da cervejaria.
Para quem produz e vende, não é mais interessante trocar experiências, ditar tendências e dar para o público degustações únicas?
Para quem vai de curioso, não é especial voltar para a casa com aquele gostinho de estilos que você não conhecia, mas que vai caçar por aí até sentir de novo?
Para os cervejeiros "já convertidos", não deveríamos "beber menos e beber melhor"?
E se ao invés de enfatizarmos o pedantismo e a megalomania cervejeira começarmos a apresentar poucas e boas cervejas com mais carinho e menos histeria?
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