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Cervejarias deixam cartilha de lado e criam estilos novos e nada óbvios

Juliana Simon

26/02/2018 10h53

Malte, lúpulo, água, levedura… e anarquia! Se muitas cervejarias não largam mão da tradição e das receitas cheias de regras, outras querem mais é conquistar os bebedores por criações surpreendentes.

E não precisa olhar para fora e chamar para mesa nomes como a americana Rogue (que já colocou levedura de barba e até marshmellow em suas cervejas). No Brasil, algumas experiências deram um bom chacoalhão nos consumidores – lembram da anti-cerveja Bizarro, da Morada Cia. Etílica, 2 Cabeças e da alemã Freigeist, pelo dia da Cerveja Impura em 2016?

E a ousadia agora ganha mais força com dois nomes que estão fazendo barulho no mercado artesanal: a Treze, de São Paulo, que se apresenta como "Cervejas desequilibradas para pessoas desequilibradas" e a Infected Brewing Co., de Santos, que "nasceu pra fazer cerveja F@#%". As duas esbanjam portifólio e lançamentos recentes para arrepiar os cabelinhos da nuca.

Em um bate-papo com este blog, Bruno Couto (Treze) e João Paulo Nascimento (Infected) contaram como pensam suas criações fora do comum.

Criações e inspiração

Treze: O nome foi inspirado pela ideia de que 13 é número de louco, e na sexta feira 13 dos filmes de terror. Nossas inspirações vêm desde a escola cervejeira americana e de cervejarias extremamente tradicionais que revolucionaram em suas épocas ou surpreendem justamente por continuarem fazendo algo que não está mais no auge da moda cervejeira e nadando contra a corrente.

Infected: Cervejas com Brettanomyces, ou cervejas ácidas sempre foram minha paixão. Tenho como inspiração algumas cervejarias americanas como a Logsdon, Jester King, as Belgas 3 Fonteinen e Cantillon e nacional a Morada Etílica. Optei por "arriscar" pois acho que o mercado anda muito saturado, cheio de coisas iguais ou bem parecidas.

As queridinhas dos mestres-cervejeiros

Treze: A Brazilian Wood foi a nossa cerveja de estreia, a Caipirinha Sour marcou uma nova fase da Treze, com reestruturação comercial e de produção, a Berlin/SP primeira da série é uma Roggenbier – estilo alemão carregado de centeio que é quase extinto no mundo e raríssimo por aqui – e a série Bates, com uma West Coast IPA, uma New England IPA e uma mistura das duas.

Infected: A Tropical Blood que além de ir frutas e Dry-hop, é fermentada com 2 tipos de Brettanomyces e refermentada com levedura de vinho, e a Wild Beast, que usou leveduras selvagens e um tipo de lúpulo selvagem que até então era desconhecido no mercado cervejeiro.

Pre-pa-ra

Treze: Os próximos lançamentos são a Tiki IPA, uma Juicy IPA com Abacaxi, Coco e Maracujá, inspirada na coquetelaria Tiki. E a Moscow Mule Sour, com brett, limão e gengibre, seguindo a linha da Caipirinha Sor e Margarita Sour.

E vai pra galeeeera

Treze: Estamos conseguindo criar uma cervejaria surpreendente a cada lançamento, e sentir que o público está entendendo a nossa proposta é incrível.

Infected: Tem sido fantástica a resposta do público, tenho que falar que às vezes fico até espantado pois não era uma coisa que eu esperava. Fico muito feliz de ver as receitas que eu criei e desenvolvi em casa e sendo bem avaliadas.

Qual, onde e quanto?

*mão no coração para os rótulos de encher os olhos <3

Brazilian Wood, da Cervejaria Treze

Colaborativa com a De Molen. Uma Dark Saison com 7,5% de teor alcoólico maturada com duas madeiras cachaceiras: Cabreúva e Sassafrás. Deve retornar em breve com um novo lote. Indisponível.

Caipirinha Sour, da Cervejaria Treze

Uma "homenagem cervejeira" ao drink que melhor representa a nossa cultura coqueteleira no mundo. Uma sour com mais corpo e teor alcoólico do que a média. Preço sugerido: R$ 30 (lata de 473 ml). Onde comprar: www.cervejastore.com.br e The Beer Market (Jundiaí-SP)

Berlin/SP 01, da Cervejaria Treze

Uma Roggenbier maturado com a madeira brasileira Jaqueira. Primeira de uma série em homenagem às duas cidades que pretende resgatar o lado menos conhecido da escola alemã. Preço sugerido: R$ 35 (lata de 473 ml). Onde encontrar: Empório Alto dos Pinheiros (São Paulo-SP) e www.hoppack.com.br

Série Bates, da Cervejaria Treze

Duas IPAs diferentes, uma inspirada pelas Norma West Coast IPAs americanas (a clássica IPA americana, com amargor pronunciado) e Norman New England IPA (uma nova tendência, de IPAs mais suculentas, aromáticas e de amargor mais limpo e equilibrado). E uma terceira, a Bates: o blend das duas para trazer uma experiência nova. Preço sugerido: R$ 35 (cada lata de 473 ml). Onde comprar: Brewdog Bar (São Paulo-SP), Armazem 77 (São Paulo-SP) e Santo Lúpulo (São José do Rio Preto-SP).

Tropical Blood, da Infected Brewing Co.

Uma Berliner Weisse leve, refrescante e com uma acidez inicialmente delicada, mas que logo se mostra bem marcante. Aromas frutados e cítricos vem da casca de laranja, goiaba, amora, framboesa e do processo de dry-hop com os lúpulos Belma e El Dorado. Na receita é fermentada com um blend de leveduras selvagens brettanomyces e refermentada com levedura de vinho. Preço sugerido: R$ 36. Onde comprar: principais bares especializados de SP, MG, CE, PR, RJ.

Wild Beast, da Infected Brewing Co.

A cerveja é fermentada com um blend das leveduras Vermont, Saccharomyces Selvagem e Brettanomyces Clausenni, e recebe uma agressiva carga de lúpulo selvagem americano. Preço sugerido: R$ 40. Onde comprar: principais bares especializados de SP, MG, CE, PR, RJ.

Funktown Juice, da Infected Brewing Co.

New England IPA com um blend entre as leveduras selvagens Saccharomyces e a Vermont, além da altíssima carga de lúpulo (26gr/L) das variedades Lemondrop, Vic Secret, Cashmere, Mosaic e Simcoe. Preço sugerido: R$ 40. Onde comprar: principais bares especializados de SP, MG, CE, PR, RJ.

Caffeine Karma, da Infected Brewing Co.

Sour Ale com adição de Cold Brew, favas de baunilha, carvalho francês e bourbon. No aroma, notas intensas de café com nuances de baunilha são apresentadas, acompanhadas por uma acidez marcante, madeira e bourbon no paladar. Preço sugerido: R$ 36. Onde comprar: principais bares especializados de SP, MG, CE, PR, RJ.

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Sobre a autora

Juliana Simon é jornalista do UOL, sommelière de cervejas, mestre em estilos e especialista em harmonização pelo Instituto da Cerveja Brasil.

Sobre o blog

O Siga o Copo é espaço para dicas, novidades e reportagens para quem já adora ou quer saber mais sobre o universo cervejeiro e de mais bebidas.