Nem mágica, nem piada: testamos o polêmico lúpulo líquido DuPappi
Sou muito fã do Sommelier da Depressão – tanto que até entrevistei o comandante da página antes do nascimento deste blog – e nem imaginaria que mais do que a boa e velha zoeira, acabaria encontrando uma pauta para remexer.
Foi por ele que conheci o DuPappi, um frasquinho de lúpulo líquido que, segundo a marca, transformaria uma cerveja de massa (a famosa American-Lager-que-nã-é-Pilsen) em uma cerveja mais amarga, aromática e de espuma convidativa. No post do SDD, o tom foi de piada, assim como da maioria dos comentários.
O que me chamou muita atenção foi ver que o perfil oficial da DuPappi – conduzido por Luiz Coqueiro, filho de Laert, criador das gotinhas e ex-funcionário da Ambev – respondia a todos os ataques (mesmo os nada respeitosos) de maneira muito educada e profissional. Sinal que a história era séria mesmo.
Bateu curiosidade em saber como os caras bancavam a promessa ambiciosa no meio do mundo cervejeiro – lotado de sujeitos que batem sem saber por que.
Entrei em contato com a marca e me enviaram as tais gotinhas…
O teste
Tudo foi devidamente documentado no meu Stories e ainda está em destaque no Instagram, mas para quem não tem paciência de ver uma mulher exausta falando (muito) sobre cerveja, aqui vai:
Pinguei primeiro as 4 gotinhas recomendadas para um copo de 500 ml e servi com uma cerveja Skol. Espuma mediana, aroma de impacto ao servir e mínimo ao degustar e amargor pouco maior que a cerveja sem as tais gotas.
Pinguei mais três gotas e ainda assim a cerveja não chegou à promessa de transformação.
Depois uma comparação direta entre cerveja com gotinhas x sem gotinhas.
Resultado: ainda que dê um pouco mais de aroma e um pouco mais de amargor, não transforma uma American Lager comum em sua irmã mais "especial", a chamada Premium American Lager.
Outro problema: o corpo continua muito levinho – o que gotinha nenhuma pode ajudar.
Então, não… as gotinhas DuPappi não são mágicas.
A degustadora e umas perguntinhas…
Fiz o teste baseada em muitas degustações ao longo destes dois anos como sommelière de cervejas e quase isso como mestre em estilos. Mas sei que não seria o público por excelência desse produto.
Os cervejeiros artesanais e caseiros dificilmente optariam por uma cerveja de massa (com gotinha ou sem) no lugar de uma IPA, por exemplo.
Mas e os consumidores das American Lager? Teriam interesse em um tantinho mais de amargor? Em aroma de lúpulo, que a maioria desconhece e poderia até estranhar? Isso só eles podem responder e, se tiverem a curiosidade, testar.
A realidade é que a enorme maioria do consumidor brasileiro e mundial não conhece as maravilhas de um IBU (unidade de amargor) e consome American Lager a rodo. Portanto, toda tentativa de apresentar este sabor, na minha opinião, é válida e pode chamar muitos para "o lado amargo da força" aos poucos, a conta gotas (RÁ) e sem empurrar goela abaixo estilos extremos – ninguém aqui nasceu tomando IPA, lembra?
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